por Delano Mothé.

Larguei em disparada e a deixei para trás…
aquilo a que chamava “vida”.
Há muito que nos distanciamos.
Talvez me dê conta do desvio
quando com ela me deparar novamente,
sobre as cinzas da reconciliação…
Renovação e síntese:
a vida viverá enfim,
de novo, em mim.

Tudo então terá sido acerto,
novo encontro, noivado, consórcio.
Entre tomar a dianteira e comer poeira,
desta vez agarrei a primeira.
A vida não gosta de rédeas
e não as aceita,
graças a Deus!
Tolice achar tê-la domado
todo esse tempo.

Preciso correr riscos,
livrar-me do perigo maior:
a paralisia do sepulcro em vida.
O novo me sequestrou
e me atordoa.
Nem direito a ver a proa
me foi dado.
Assim seja…

Doravante embarco na aventura:
tudo tenho a ganhar…
Nada a perder?
As perdas renovam a vida:
nessas águas me quero banhar.
Vão-se as cascas, apura-se o sumo.
Afinal, o que se tem,
a não ser o usufruto
de bênçãos e bens
em miríades sem-fim?…

Ademais, o que vale é doar-se:
na bondade, servir e louvar.
Além do Bem e sua glória
que pulsa constante no coração
– a falar de felicidade e paz
em pureza de perfeição,
ainda que a ouvidos moucos –,
que mais se pode esperar
dos horizontes existenciais,
senão a própria vida,
em seus impulsos quintessenciais,
celebrando a si mesma,
cumprindo sua Destinação Divina?…

(Poema composto originalmente em 22 de dezembro de 1997, com substanciais adaptações e aprimoramentos conceituais, em 7 janeiro de 2011, propiciados pela inspiração misericordiosa dos Mentores Espirituais de nossa Escola Espiritual-Cristã de Sabedoria e Felicidade. E reiteramos nossa eterna gratidão àquele que nos abre as Portas Celestiais, nosso Professor encarnado Benjamin de Aguiar, por seu perseverante ministério de amor e serviço ao Bem comum.)